segunda-feira, 16 de maio de 2011

Saiba como lidar com as aftas e como manter a boca livre delas

Não sabemos quanto uma boca livre de feridas é agradável até que ela apareça: a afta. Na borda dos lábios, ponta da língua, cantinho da bochecha, em cima da gengiva. Não há preconceito, a afta invade toda a cavidade bucal e atrapalha alimentação, fala e até o namoro fica sem aquele beijo especial devido à dor aguda. Quais as causas dessa lesão? É contagiosa? Tem cura? Saiba como lidar com as aftas e definitivamente manter a boca livre delas.
 
Boca sem afta? É tudo que Leandro Braga queria. O coordenador técnico de uma empresa de TV por assinatura diz que possui as feridas desde quando consegue se lembrar, e admite que hoje, aos 23 anos, passa mais tempo com do que sem as feridinhas. “Praticamente toda semana aparece uma. E mesmo sem arranhar o lábio, morder a bochecha sem querer ou queimar a boca com alguma comida quente, elas também surgem do nada. Aparece um carocinho que explode, ou percebo um pequeno buraquinho que vai aumentando e se torna uma afta”, reclama.

Na sua opinião sobre a causa do mal que definitivamente faz parte de sua vida, Leandro fica indeciso. “Antigamente eu acreditava que as aftas surgiam devido à ingestão de frutas cítricas, como abacaxi, laranja e acerola. Mas quando parei de comê-las, nada foi resolvido. Acho que pode ser à má alimentação. Como minhas aftas são muito reincidentes, as dores não me deixam comer direito. Sem falar que tenho a sensação de que a minha boca é muito ácida, porque sempre salivo muito e o estresse às vezes contribui para agravar esse quadro”.

A assistente administrativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Sirlene Duarte, 46, é mais uma vítima das aftas. Durante três longos anos ela foi obrigada a ter um convívio constante com as feridas. “É muito incômodo, não podia comer direito e inclusive meu trabalho ficava prejudicado. Lido diretamente com o público e conversar era difícil”. Para dar um basta de vez na situação, Sirlene apelou para as receitas caseiras. “Nunca fui ao médico por causa das aftas, mas acredito que as tinha por causa de problemas estomacais. Então soube que, se tomasse água em jejum, elas desapareceriam. E deu certo, já faz dois anos que me livrei delas”, comemora.

Há também quem acredita que afta é coisa de família. As primas Luísa Dantas e Mariana Almeida – ambas com 13 anos – compartilham não apenas o parentesco, mas também a dor ocasionada pelas feridas bucais. “Há aproximadamente um ano eu tive que colocar aparelho dental fixo para consertar minha arcada dentária. Os cortes na bochecha e língua são constantes. Assim, tenho aftas cerca de duas vezes por semana”, lamenta Luísa. Já Mariana culpa mesmo os genes maternos. “Minha mãe e minha tia também sempre tiveram aftas. As minhas aparecem quando machuco a boca, o que acontece geralmente com a colisão provocada pela escova de dente”.

Se você também notar a presença de uma ferida dolorida, de formato circular, com cor branco-amarelada, nada de pânico. De acordo com o clínico geral Antônio Venâncio, as aftas não são contagiosas e, na maioria das vezes, desaparecem sozinhas após no máximo uma semana de incidência. A má notícia é que não têm cura efetiva, já que não há como apontar uma causa específica para seu surgimento. “Problemas estomacais ou no tubo digestivo em geral, acidez bucal, estresse, predisposição genética, uso de certos medicamentos, falta de higiene, e, principalmente, agressão à mucosa bucal podem ocasionar aftas. O diagnóstico depende de cada paciente”, explica.

Nesse sentido, não existe um profissional que trate especificamente das aftas, o clínico geral seria o mais indicado para identificar a causa do problema e, dependendo da gravidade, indicar um gastroenterologista, para quem possa ter problemas estomacais ou no esôfago, um nutricionista para pessoas que não se alimentam corretamente ou um dentista, no caso de dentes ou aparelhos que causem cortes. Até um psicólogo pode ser recomendado, se a fonte das aftas for de fato o estresse.

Existem, portanto dois tipos delas: a afta minor, de até um centímetro de diâmetro, que some espontaneamente com o passar de alguns dias; e a afta major, de maior tamanho, porém mais rara e por isso exige necessariamente tratamento médico especializado. Ela também pode ser chamada de úlcera bucal e, por não ser contagiosa como a herpes, não se trata nem de vírus nem de bactéria. É apenas uma ferida de rompimento do tecido epitelial que expõe as terminações nervosas do tecido conjuntivo, causando a dor.

Segundo Venâncio, o tratamento mais comum é a aplicação tópica de corticóides, um medicamento antiinflamatório usado no tratamento das doenças alérgicas, sintetizado a partir de um hormônio produzido pela glândula supra-renal. “Receitas caseiras como aplicação de sal ou vinagre podem aliviar momentaneamente, porém mais tarde podem agravar ainda mais a ferida. Além do tratamento com corticóide tópico, em casos mais graves pode-se utilizar o corticóide venoso. “Mas eu mesmo nunca achei necessidade. O que recomendo é um maior cuidado com a higiene bucal. A prática do bochecho com um pouco de bicarbonato ou antiséptico bucal são importantes. Além disso, também orientamos o paciente a realizar uma dieta sem irritantes gástricos, comida com muitos condimentos – como ketchup, mostarda e maionese. Temperos mais fortes e alimentos cítricos aumentam a acidez bucal e estomacal e, assim, as chances de aparecimento das aftas”.

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