quinta-feira, 29 de abril de 2010

ECONOMIA - Copom eleva taxa de juros a 9,50%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou ontem o juro básico da economia em 0,75 ponto porcentual, colocando-o em 9,50% ao ano. Desta vez, não houve divisão de votos entre os diretores do BC, e todos aprovaram o nível de aperto na política monetária. Em comunicado, o BC informou que a decisão tem como objetivo “assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas.”
A Selic estava em 8,75% desde 22 de julho de 2009 e a última alta do juro aconteceu em setembro de 2008, quando a taxa subiu de 13% para 13,75%, às vésperas da quebra do banco norte-americano Lehman Brothers. A ata da reunião de abril será divulgada em 6 de maio, próxima quinta-feira, às 8h30, e a próxima reunião do Copom ocorre nos dias 8 e 9 de junho.
O texto foi mais curto que o normalmente divulgado. Em março, quando o juro foi mantido em 8,75% ao ano, o texto dizia que o comitê avaliava “a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação” e que esse cenário sustentava a manutenção do juro naquele patamar.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o BC agiu pressionado pelo mercado financeiro. “A pressão que vem sendo exercida sobre o Banco Central (BC), por parte dos interessados no aumento da taxa Selic, atingiu níveis ainda não conhecidos na sua atual gestão”, informou a instituição, em a nota. “Até a competência e a autonomia dessa respeitada instituição correm o risco de ser colocadas em dúvida “
A entidade avaliou que não houve surpresa no aumento de 0,75 ponto porcentual, pois na ata da reunião anterior o Copom já constava a unânime “necessidade” de elevar a taxa básica de juros na reunião marcada para hoje. “E a promessa foi cumprida. A partir daí, pouca dúvida resta para a ação de um BC acuado, refém de certos setores do mercado e cada vez mais distante dos interesses maiores da sociedade e do País.”
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a elevação dos juros era desnecessária. “Existe capacidade instalada na indústria para atender à demanda sem que aconteça pressão sobre os preços”, alegou. “Lamentamos, profundamente, que a produção, o crescimento e o emprego, mais uma vez, sejam os perdedores.”
Também em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, avaliou que a “decisão superestima a alta da inflação, que permanece dentro da meta, e pode ter efeitos negativos mais permanentes sobre a produção”.
A avaliação de Monteiro Neto é de que o aumento de 0,75 ponto porcentual nos juros terá efeito limitado no controle das atuais pressões inflacionárias, que são provocadas pelos preços dos alimentos. “A elevação dos juros não surtirá efeito nesse componente, porque os aumentos desses preços se devem a fatores externos”, disse. Ele lembrou ainda que a indústria não tem contribuído para as pressões inflacionárias.

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